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16/Mai/2020 - 18:11:21
A mulher, o negro e o 13 de maio
Redação
Em meio a pandemia do Coronavírus, o aniversário de 132 anos da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel no dia 13 de maio de 1888, abolindo a escravatura no Brasil,
acabou passando desapercebida pela a maioria dos brasileiros.
Mas, justamente pela importância da data para a história do país, o professor Marcos De Martini fez uma breve entrevista com a ativista e estudante de Ciências Sociais, Thais Nogueira, para falar sobre o assunto. A entrevista foi transformada em um vídeo que foi postado na página do Facebook do grupo Vozes do Rio Pardo.
Thais participa do Movimento Rio-pardense de Cultura Afro-brasileira (MORICAB), Coletivo Mulherio Rio Pardo e do Sarau do Grito.
Explicou que o Mulherio é formado basicamente por jovens que buscam mudanças, que não estão satisfeitas com o cenário atual e por isso são obrigadas a lutar por outras alternativas. "O Coletivo, entre outras coisas, tem se articulado em ações voltadas para as mulheres em situação de vulnerabilidade".
Disse também que a mulher, ao longo da história, tem se anulado por essa construção patriarcal onde é sempre submissa, pois o patriarcado oprime a mulher. "O Coletivo vem nessa luta justamente para combater esse pensamento".
Contou que ajudou na organização do Sarau do Grito, um movimento importantíssimo para a cultura de São José do Rio Pardo. "O Sarau é um movimento que fomenta e dá espaço para uma cultura, que para muitos, é algo marginal, como o hip-hop e a cultura de rua".
Sobre o 13 de maio, Thais Nogueira disse que não é uma data comemorativa para o movimento negro desde a década de 80, justamente por entender que a abolição de 1888 foi algo simbólico. "A Lei Áurea não foi uma lei inclusiva. Ela foi promulgada para substituir a mão de obra negra. No dia 14 de maio não houve festa, foi desesperador, pois abriram as portas das senzalas e as pessoas não tinham para aonde ir. Não tinham trabalho, educação, saúde, nem moradia. Isso há 132 anos, ou seja, esse descaso é algo muito presente na sociedade brasileira, faz pouco tempo".
Já o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, segundo a ativista, é uma data mais representativa e de resistência ao descaso social de décadas.
Provocada pelo professor Marcos De Martini, Thais Nogueira falou que há uma baixa representativa da mulher nos poderes públicos e por ser a maioria da população no país, a mulher subestima sua força. De Martini lembrou que apenas 15% das mulheres estão em cargos legislativos e esse número é ainda menor se pensar na mulher negra.
"Para haver mudança precisamos entender a nossa força. A mulher negra movimenta a economia, a mulher negra transforma o cenário político, a mulher negra está nos livros de história e compôs a história do Brasil, como Dandara, esposa de Zumbi. Precisamos entender nossa força, se unir e buscar cada vez mais representatividade.
Somos a maioria e precisamos fazer a diferença."