São José do Rio Pardo, ,

24/Abr/2021 - 21:26:54

A vida e o nosso rio Pardo

Redação





Desde a sua inauguração em 1968, a Ponte Ademar de Barros (Ponte Nova) vem contribuindo com o desenvolvimento do nosso município. Além de ligar a cidade a diversos bairros, propriedades rurais e a vizinha cidade de Mococa, ela desafoga o pesado trânsito que até então só podia utilizar a Ponte Euclydes da Cunha (Ponte Metálica).

"SABE QUEM PULOU DA PONTE?"

Até o ano de 1992 a Ponte Nova não tinha proteção em suas laterais (alambrado) e por isso ela marcou história na vida de muitas famílias rio-pardenses. Dezenas de pessoas perderam suas vidas ao usarem a ponte como trampolim para a morte. A frase que corria de boca em boca na cidade era sempre a mesma: "Sabe quem pulou da ponte nova?" Após alguns segundos de silêncio, vinha a afirmação: "Conhece o fulano de tal? Ele acabou de se suicidar, pulando da Ponte Nova"... A tristeza assolava a todos. Sobre a ponte ficavam centenas de pessoas o dia inteiro aguardando o resgate, sempre na esperança de encontrar a vítima com vida. Esse trabalho quase sempre era feito pelo saudoso amigo Jonjoca que, voluntariamente, ficava horas, às vezes dias, navegando o rio Pardo em busca do corpo.

 

VALEU A PENA

 Na época, eu tinha uma fábrica de telas, a Telamax, e fui procurado pelos amigos Nivaldo Sernaglia e Jonjoca, que me apresentaram um projeto rascunhado em uma papel de pão e que tinha como objetivo telar toda a extensão da ponte, do lado esquerdo sentido cidade/bairro. Isso dificultaria a ação de pular da ponte por parte dos que estavam passando por momentos de dificuldades na vida, principalmente tendo na parte superior três fios de arames farpados, que poderiam ajudar na interrupção da ação de quem iria tentar o suicídio. Acreditamos na época que ao segurar nos arames farpados, espetaria a mão e com a dor a pessoa interromperia a ideia fixa de cometer o ato. Acreditamos que deu certo.

Com a ajuda de vários comerciantes rio-pardenses, em poucos meses executamos o serviço, que até hoje encontra-se em perfeito estado, porém há a necessidade de manutenção, e com urgência, principalmente nos tubos que estão apresentando ferrugem. Daí, até hoje, quase trinta anos, graças ao Grande Arquiteto do Universo e o alambrado, não houve mais vítimas, contudo duas pessoas tentaram escalar o alambrado querendo pôr fim às suas vidas, mas não conseguiram.

Anos depois, o lado direito também foi telado, porém, este lado nunca foi utilizado para a finalidade de suicídio.

 

Acredite se quiser, aconteceu comigo

 

Todos nós temos uma história pra contar. E essa aconteceu comigo: Domingo de Páscoa, 8h00 da manhã, abri a janela do meu quarto e, como sempre de costume, agradeci o Grande Arquiteto do Universo por toda noite bem dormida. Contemplei o céu azul e sol que brilhava. Então resolvi fazer uma caminhada. Tênis nos pés, boné na cabeça e pé na estrada. Após alguns minutos de caminhada, fui abordado por uma pessoa que estava com o seu veículo (Brasília) parado e logo veio pedindo ajuda, afirmando que, mesmo tendo certeza que o carro tinha combustível, este não pegava, afinal de contas, afirmava ele: "eu coloquei R$ 20 de gasolina na segunda-feira". Apesar de não ser mecânico, manjo um pouco do riscado, principalmente se for carro velho. Quem da minha idade não possuiu um Fusca ou uma Brasília e teve que dar uns empurrõezinhos para fazer o "bichinho" funcionar? Como todo curioso, abri a tampa traseira do motor e passei a examinar os cabos de vela, os fios de bobinas e a mangueira que manda gasolina para a bomba. Nesse exato momento, o meu "amigo" acionou a partida e, com o pouco de combustível que caiu sobre o alternador, não deu outra, aconteceu uma explosão, iniciando enormes chamas de fogo sobre o motor do carro. Foi um Deus nos acuda. Tentei com as próprias mãos apagar o fogo, lógico, em vão. De posse de um pano nas mãos, o meu "amigo" também tentou, mas o máximo que conseguiu, como eu, foi queimar os pelos dos braços. O fogo aumentava, carros paravam, curiosos e mais curiosos observavam o "espetáculo", sem nada fazer. Foi quando saquei o extintor de incêndio e, por alguns segundos tentando saber como aquilo funcionava, foi quando o vermelhinho disparou. Foi pó branco pra todo lado, mais do que o suficiente, atingindo inclusive nossos corpos. Ufa! Graças a Deus consegui me livrar do problema, pensei com meus botões. Foi quando, para minha surpresa, o meu "amigo" me questionou: "E agora, o que vamos fazer?". Pensei: "fazer o que cara pálida?", então percebi que tinha arrumado dor pra cabeça, sugeri a ele que procurasse um mecânico e, de imediato, ele me respondeu: "Então vamos!". Olhei firmemente para seus olhos e pensei: "Meu Pai, o que estou fazendo aqui? Eu só queria fazer uma caminhada e nada mais". Após caminharmos por alguns quarteirões, com o corpo quase coberto do pó branco do extintor e com um cheiro horrível de pelos queimados, avistamos um mecânico que aparentemente estava prestes a ir pescar, pois carregava em seu veículo algumas varas de bambu. Rapidamente o meu "amigo" correu em direção ao "salvador da pátria" e eu em direção oposta, sem olhar para trás. Resumindo: não consegui resolver o problema, mas em compensação criei um para mim e corri igual a um coelho.


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