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12/Jun/2021 - 20:54:05
Pintado de 31 quilos com piercing
Felipe Quessada
Poucos anos atrás, pescar era sinônimo de divertimento e esporte barato. Alguns poucos anzóis, um carretel de linha, chumbadas, uma vara de bambu, um chapéu de palha, umas minhocas e um carro tipo ??Brasília? com alguns litros de gasolina no tanque eram suficientes para se fazer uma boa pescaria na beira do rio Pardo. Hoje as coisas mudaram. Se o pescador quiser a sensação de uma boa levada de linha terá que adquirir anzóis, linhas, varas, carretilhas, boné e as iscas deverão ser artificiais (ou mesmo naturais), com tudo a preço de ouro. E deverá enfrentar muitas horas de viagem para encontrar um rio piscoso.
Cera vez os pescadores Carlinhos Mantovani, Lourencinho Berthi e Pedrinho Foglarini, percorreram algumas centenas de quilômetros à bordo da possante pick up do Carlinhos, em busca de boas fisgadas nas águas do rio Pardo, que não é o nosso e sim do Mato Grosso Sul.
O rio Pardo é formado de grandes afluentes, nasce no norte de Campo Grande, com o nome de Capim Branco, e denomina-se Pardo depois da confluência do Pinhé. Recebe as águas do rio Botas. Também recebe as águas do rio Anhandui que é seu principal afluente. A partir daí, percorre como divisor municipal de Bataguassu e Santa Rita do Pardo, desaguando no rio Paraná.
ACREDITE SE QUISER
O Lourencinho é reconhecidamente organizado, principalmente quanto à sua tralha de pesca. As peças do seu acervo, incluindo até anzóis, levam seu nome gravado. Há vários anos ele pesca neste mesmo local.
No ano passado, quando lá pescava, acabou perdendo seu anzol favorito (que também trazia seu nome gravado) ao tentar tirar um Pintado marrudo. Neste mês quando lá estava, novamente tentando fisgar os ??bocudos? foi surpreendido por uma forte e rápida fisgada. A ??briga? entre o homem e peixe se estendeu até a vitória do pescador, com o Lourencinho conseguindo tirar da água um graúdo Pintado com mais de 31 quilos. E no canto esquerdo da bocarra estava seu estimado anzol ?? mais parecia um piercing ?? perdido em outubro. Ele afirma que esta não foi a primeira vez que isso aconteceu e para completar acabou me dando algumas dicas, como esta capturar o também briguento Tucunaré:
O Tucunaré é um peixe que costuma atacar suas presas em pequenos bandos. Normalmente quando um dos peixes desencadeia o ataque e é fisgado, todos os que estão com ele o acompanham e, alucinados, procuram por outras presas, ficando nas suas imediações.
Basta segurar o primeiro a uma certa distância do barco e arremessar outra isca nas proximidades de onde ele está que o ataque é fatal. Muitas vezes conseguimos até visualizar o bando (em volta do Tucunaré capturado) tentando abocanhar a mesma isca; e às vezes dois peixes chegam a pegar a mesma presa.
Quando o outro Tucunaré for capturado, mantenha um deles na água e retire o outro, ou seja, sempre deixando um na água para que o cardume continue nas proximidades e não pare de bater nas iscas.
No caso de ??pesque-e-solte?, conserve os peixes no viveiro do barco soltá-los depois, pois a reação imediata do peixe libertado será afundar e levar consigo todo o cardume.