Está virando tradição. todas as quartas-feiras, um pequeno grupo de pescadores se reúne com o intuito de jogar conversa fora, tomar umas cervejinhas e comer os frangos que o Ricardo Possebon criou em sua chácara, doados pelo amigo Wilson ainda quando eram pintainhos.

Alguns pescadores têm fama de mentirosos, mas durante uma pescaria podem acontecer �??fatos�?� bastante difíceis de acreditar. Vou contar uma história (com �??h�?�, verídica) que aconteceu na pescaria que fizemos esta semana, no rio Pardo, em frente ao nosso rancho, antes da frangada.

Ricardo, Wilson e eu chegamos mais cedo ao rancho, para agilizar o jantar e aproveitar o cair da tarde para uma rápida pescadinha. Colocamos o motor de popa no barco, juntamos as tralhas e as cervejas e, a poucos metros dali, apoitamos no meio da represa e começaram os lançamentos rumo à margem. Wilson e Ricardo utilizavam como iscas pelotas de massa, enquanto eu usava tripa de frango no anzol, na esperança de fisgar um graúdo Pacu. O tempo foi passando e logo escureceu. Os convidados para comer os penosos ainda não tinham chegado. Já quase desanimando, peguei toda a tripa que restava e enrolei no anzol; ficou uma beleza e, dado o peso das tripas, respirei fundo e usei toda minha força para arremessar; a linha zuniu, o molinete cantou e o garrote berrou.

Com a força que usei e sem ver onde tinha caído a isca com a chumbada, liguei o motor e rumei para margem, foi aí que percebi que tinha fisgado um garrote pelos chifres. A �??presa�??, ao me ver, saiu correndo para o pasto, e tive só o tempo de pegar o molinete e soltar a fricção.

Ai começou uma briga com o bichão. Ele puxava e eu dava linha; ele cansava e eu enrolava o molinete, trazendo-o para mais próximo de mim. Depois de uns 45 minutos de briga, o garrotão cansou; eu me aproximei dele e retirei o anzol mais o girador e a graúda chumbada de seus pequenos chifres.

PEIXE LADR�?O

�? sabido que o cigarro faz mal à saúde e ao bolso. Mesmo assim, Wilson insiste em dar umas tragadinhas, principalmente quando está praticando o seu esporte preferido, a pesca �?? afirma ele que a fumaça espanta os insetos. Nesse momento de lazer, que estávamos pescando, ele fez vários cigarrinhos de palha, incluindo todas as etapas �?? cortar a palha, picar o fumo e enrolar o pito �??, sempre cantarolando e falando igual a um papagaio. Durante essa operação, deixou entre as pernas a vara com o molinete, para jamais perder a oportunidade de fisgar um graúdo peixe que queira experimentar seu anzol. E foi numa dessas que ele acabou perdendo a isca, linha, vara e molinete. Mas não foi suficiente para roubar-lhe o bom humor, até inspirando o refrão: �??Em apenas um puxão, o peixe ladrão levou todo o meu rico material para o fundão, deixando-me apenas com o cigarro na mão�?�.