As questões ambientais são frequentemente controversas e envolvem interesses e valores conflitantes. Elas são mal compreendidas pela população em geral e, mesmo entre a comunidade científica, podem haver debates conflitantes sobre as causas e os efeitos dos problemas ambientais. Isto fornece um problema para os professores, que têm a difícil tarefa de apresentar questões extremamente complexas para seus alunos de uma forma coerente e imparcial. Sem surpresa, talvez, os professores são frequentemente acusados de falhar nesta tarefa, e de doutrinar crianças com os simplistas "slogans verdes", ou promovendo atitudes e comportamentos pró-ambientais, em vez de ensinar uma compreensão mais profunda da complexidade dos problemas ambientais.

A literatura sobre o ensino de temas ambientais polêmicos oferece algumas orientações para professores, concentrando-se principalmente em três aspectos-chave da estratégia de ensino: neutralidade, equilíbrio e compromisso. Mas, como o professor atua neutro nas discussões em sala de aula? Como evitar que professores não usem sua posição de autoridade para promover suas próprias opiniões?

Uma opção alternativa seria o professor oferecer aos estudantes "uma gama de pontos de vista alternativos", garantindo que as questões políticas sejam trazidas à atenção dos alunos, com o equilíbrio de pontos de vista opostos. Embora grande parte da literatura sobre questões controversas defenda a adoção de uma abordagem neutra ou equilibrada, há os que afirmam que os professores devem expressar as suas próprias opiniões, mas devem conjuntamente incentivar os alunos à crítica explicita ao lado de outras posições e ideias.

Em suma, o ideal de tomar uma posição de equilíbrio ou neutra nas aulas sobre questões controversas é difícil e problemática. Uma coisa é certa, os professores têm de escolher entre explícita e implicitamente expressar suas ideias, ao invés da falsa dicotomia de defender seus pontos de vista ou escondê-los dos alunos.

Tomemos como exemplo de questão controversa, o desmatamento da Amazônia e a atuação do Ministério do Meio Ambiente. Como se daria tal discussão?

Parece improvável que os professores possam ensinar sobre um assunto controverso, sem que em algum aspecto não expressem sua própria opinião sobre a questão. Questões controversas, por definição, envolvem atitudes e valores conflitantes, e sua natureza retórica sugere que a neutralidade do professor seja impraticável. Claramente, o ensino de questões ambientais controversas levanta uma série de desafios pedagógicos para os professores, e requer diferentes habilidades de gerenciamento da sala de aula.

Com questões controversas, os alunos precisam ser ensinados a examinar criticamente as informações dadas e as atitudes e valores que levaram à sua produção, e isso exige que os professores estejam conscientes das crenças e atitudes que fundamentam a seu próprio ensino. A abordagem de temas controversos em sala de aula potencializa a construção de habilidades como: escutar, debater, discutir os conflitos, desenvolver a autocrítica, distinguir fatos e opiniões, ser criativo na resolução de problemas, desenvolver o pensamento crítico e a ética.

A introdução dos temas controversos na prática pedagógica apresenta-se como um desafio, pois as habilidades desenvolvidas são cruciais em um mundo cada vez mais complexo que, ao mesmo tempo, requer empatia, voluntarismo e tolerância necessários em qualquer discussão. Enfim, possibilita que o aluno, em "pequenas doses", vivencie a realidade cotidiana amenizada pelo segurança da situação de ensaio, no caso, a escola.