São José do Rio Pardo, ,

28/Ago/2021 - 16:57:28

Fisgando toco no Dia do Advogado

Felipe Quessada




Para comemorar o Dia do Advogado (11 de agosto), o amigo Ricardo Possebon, logo cedo, me intimou a passar a tarde no rancho, lançar anzol na água, para tentar fisgar uns peixinhos fotografá-los e devolve-los ao seus habitats.

Pensei por um bom tempo, quase dois segundos e lhe respondi com firmeza, vamos agora. Passava das 11h00 e lá estávamos nós abastecendo a caixa térmica com cervejas e beliscos, as tralhas de pesca preparadas, barco dentro d´água, motor funcionando e o sol estralando.

A primeira pegada foi nas imediações da pedreira localizada no bairro Beira Rio, inúmeros lançamentos sem resultados, os Dourados deveriam estar em outro local, descemos alguns metros e no poção fomos tentar a sorte na busca de Pintado, mas nem Mandis fisgaram.

Já passava das 18h00, a noite chegou e resolvemos tentar bater Pacu, na curva da morte, alguns quilômetros abaixo, acelerei o potente motor de 15 Hp e para a minha surpresa, passei sobre um toco de madeira que lentamente descia o rio, o barco gangorreou de um lado para o outro, o motor levantou e urrou e o Ricardo resmungou: "Tá querendo me matar justamente no meu dia?".

Como eu estava atento e com o manche sobre controle, segundos depois estávamos novamente navegando com segurança.

 

N?O DEU LIGA

Com a intenção de bater Pacu ao anoitecer, Ricardo providenciou vários tipos de iscas: minhoca, tripa de frango e para não ter erro, tentou preparar uma massa que, segundo ele é a comida preferida dos Pacus.

Ficou em volta do fogão por um bom tempo, colocando, de quando em quando, um copo de água e em seguida um farinha de trigo e assim tentando dar o ponto. Para sua surpresa, e para a dos peixes, a massa não deu liga, era só fazer as bolinhas que logo em seguida as mesmas desmanchavam e caíam no rio, lógico que o peixes levaram vantagem. Ricardo, como bom advogado e cozinheiro que é, defendeu a tese que a farinha não era de boa qualidade, ou teria faltado fogo suficiente.

 

PEIXE-TOCO

Se você pescar no lugar certo, o que surgir pode muito bem ser qualquer coisa do espalho profundo do rio. ? claro, geralmente, o que você pesca está no reino das coisas que você estava esperando. Outras vezes, parece uma criação de filmes de vingadores.

E, ocasionalmente, o que você puxa pra cima é tão improvável que eles não podiam colocá-los em um filme da Disney, por medo de que crianças descrevessem o que aconteceu na tela como "altamente improvável". Por exemplo, quando estávamos apoitados na curva da morte, após uma hora de espera, uma escuridão de dar medo, a coisa aconteceu, a vara do Ricardo envergou, o molinete cantou e a linha esticou. Ele, com o peito estufado, não aceitou minha ajuda, iniciou o processo de recolher e soltar a linha para cansar o "animal". Assim foi durante quase uma hora; recolhia uma tantada de linha e, dada a força, soltava outra tantada; foi quando passou um pescador em seu pequeno barco de madeira e, com um sorriso maroto, disse-lhe: "Boa noite moço, o senhor tem certeza que quer tirar esse toco do rio? Se hoje não fosse quarta-feira, dia normal de trabalho, eu diria que o senhor exercia a profissão de advogado, tamanha é a sua insistência em vencer e remover esse toco, que veio rolando lá de cima, até aqui".

 

PARA N?O SE PERDER

Sem fisgar nada, somente o peixe-toco, ventando muito e frio, voltamos para o rancho, poucos antes de chegarmos, notei que o mesmo estava parecendo um presépio, com todas as luzes acesas. Fiquei indignado, considerando o alto custo que pagamos pela energia elétrica e comentei com o Ricardo que estava achando estranho as luzes estarem todas acesas e este me respondeu: "Fui eu que as acendi quando saímos após o almoço, para não nos perdermos quando da volta à noite..."

Esse trecho conheço e navego há mais de 30 anos, só me faltava essa, além de bater no toco, não fisgar nenhum peixe e ainda me perder.


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