Um dos setores que mais foi impacto economicamente pelos efeitos da COVID foi o de Turismo. Com o fechamento de fronteiras e o aumento dos riscos de contaminação, as viagens foram sendo canceladas e as pessoas, por mais segurança, simplesmente deixaram de sair de casa.

Com a chegada das vacinas e a gradual abertura das fronteiras entre os países, com muitas oscilações, o setor de Turismo começou a respirar novamente, procurando caminhos para a retomada dos negócios, convencendo as pessoas que viajar é seguro, ainda com as medidas sanitárias necessárias.

Para conhecer um pouco do que está acontecendo depois de quase dois anos de pandemia, O RIO PARDO conversou com o rio-pardense Pedro Carvalho para entender este momento.

Conte um pouco de sua formação (de São José para o Turismo).

Eu me formei em Lazer e Turismo na USP, em São Paulo, tive a oportunidade de trabalhar em diferentes áreas durante a minha formação.

Estudar Turismo em São Paulo foi crucial para poder interagir com as diversas áreas que compõe a carreira, afinal, além de ser uma das cidades que mais recebem turistas no Brasil todos os anos, é sede dos principais eventos internacionais como: Fórmula 1, Lollapalooza, Bienal da Arte, São Paulo Fashion Week, etc.

Ao longo dos anos de faculdade tive boas experiências profissionais em diferentes áreas do mercado de trabalho. Comecei estagiando no Aeroporto de Guarulhos, trabalhei alguns anos com intercâmbio e consolidei minha carreira em uma operadora de turismo de luxo.

Hoje eu sou sócio fundador da Nubrasa Viagens, uma agência de viagens focada em turismo de natureza, e trabalho como consultor especialista em viagens de esqui, em uma operadora de turismo chamada 7 Mares Turismo.

Como foi trabalhar com Turismo durante a pandemia?

Desde março de 2020, diversos profissionais de diferentes áreas de atuação sofreram (e ainda sofrem) com os efeitos da pandemia da COVID-19. Turismo talvez seja uma das áreas que mais sentiu esses efeitos, pois engloba uma grande variedade de negócios, desde hospedagem até alimentos e bebidas.

Durante o ano de 2020, praticamente não se falou em viagens até meados de agosto, e inclusive, viajar durante esse período era, não só desencorajado, mas visto como um ato egoísta, pelo fato de apresentar riscos para o aumento da circulação do vírus.

Trabalhar com turismo durante esse período foi um desafio muito grande. Os destinos fecharam, as viagens que já estavam programadas para esse período tiveram que ser canceladas e reembolsadas, muitas empresas fecharam, e agora com início da recuperação, o mercado está carente de profissionais pois muita gente foi obrigada a mudar de área para poder pagar as contas.

Atualmente você está morando no México. Por que a escolha por este país?

Desde abril de 2021 estou morando a 70 quilômetros de Cancún, em uma cidade chamada Playa del Carmen. Decidi me mudar, pois notei que já estava se iniciando um movimento de retomada do Turismo, então decidi abraçar a oportunidade.

Entre abril e agosto, o México recebeu uma grande quantidade de turistas brasileiros, muitos deles obrigados a fazer quarentena de 15 dias para poder entrar nos Estados Unidos, o que acarretou em uma boa temporada de verão, mesmo que ainda com muitas restrições por conta da pandemia.

O México explora muito sua cultura nativa (astecas / maias...) além de outros atrativos. O Brasil tem algo parecido à experiência mexicana?

A população indígena do México é numerosa, e em alguns lugares é evidente que os costumes, e até mesmo o idioma, tem sido passado de geração para geração. Esse fator ajudou muito na consolidação do caribe mexicano, como um dos principais destinos internacionais do planeta.

Em 1997 denominaram essa região entre Cancún e Tulum como Riviera Maya. Isso ajudou a dar visibilidade não só às praias paradisíacas e outros atrativos naturais, mas também aos atrativos históricos da região, como as ruínas de Tulum e a mítica cidade de Chichén Itzá.

O Brasil também possui diversos destinos que contam com beleza natural inigualável e background histórico relevante, na cabeça agora vem Manaus, Trancoso, Ouro Preto, Olinda.

Com sua vivência em turismo internacional, como você avalia o potencial do Brasil? Como o estrangeiro enxerga o Brasil (praias e florestas)?

Já é um fato antigo que o Brasil possui enorme potencial turístico, mas que não é totalmente aproveitado. Nós não estamos nem entre os 30 primeiros países que mais recebem turistas internacionais ao longo do ano, mas por outro lado, nós somos o melhor ranqueado entre os países da América do Sul.

Os destinos que todo estrangeiro conhece no Brasil são: Rio de Janeiro e Amazônia. Rio de Janeiro tem sua fama internacional parte por suas belezas naturais, parte por seus mega eventos (carnaval e Rock in Rio) além de ser muito bem "marketeado", já a Amazônia não precisa de estratégias de marketing modernas, pois está sempre em evidência nos debates ambientais ao longo do mundo.

O Turismo sempre está em busca de novos mercados (nichos) para atrair consumidores. Em que área você está apostando para o seu trabalho?

Honestamente, nesse momento acredito que seja o momento de aproveitar para riscar da lista alguns destinos brasileiros.

Jalapão (Tocantins) e Chapada dos Veadeiros (Goiás), são opções relativamente econômicas e com atrativos naturais, como os fervedouros do Jalapão, que não existem em nenhum outro lugar do planeta.

Amazônia, Bonito (Mato Grosso do Sul) e Pantanal (Mato Grosso), são destinos que requerem um planejamento e investimento um pouco maior, mas que valem cada centavo.