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24/Dez/2021 - 21:25:35
Saber é poder, será mesmo?
RedaçãoLETÃCIA KAORI HANADA
Desde muito cedo entramos na escola e somos ensinados a aprender, a nos inteirar pelas coisas do mundo e pela informação e, dessa forma, "evoluir", afinal, "saber é poder" (Francis Bacon), ou, em outras palavras, quando temos conhecimento do mundo, temos poder sobre ele e quanto mais "intelectual" nos tornamos, mais evoluídos, não é mesmo? Eu acredito que não.
Obviamente que adquirir conhecimento e sempre buscar aprender o novo se faz essencial, mas quando esse conhecimento não é honesto e incorrupto, ele não tem valia alguma, saber muito e se expressar muito bem, sem aplicar esse conhecimento para o bem de outras pessoas, almejando somente benefício próprio, é um conhecimento existente, mas desnecessário. Ou, aplicar um conhecimento em uma tecnologia nova que não é nem um pouco ecológica, sem refletir aas consequências ambientais desse conhecimento, é um conhecimento, de novo, não apenas desnecessário, mas maléfico.
Saber uma quantidade infinita de informações não faz ninguém, nem nunca fez, se tornar superior à outra pessoa, pois os conhecimentos são subjetivos e incomparáveis. ? o famoso "Sabe com quem você está falando?", é quando o sujeito ou a sociedade coloca uma determinada pessoal em pedestal, a tornando, muitas vezes, sobre-humana, elevada, extraordinária. Eu, a autora deste texto, estou, atualmente, no mestrado, uma profissão considerada pela sociedade como "digna", "intelectual", e, muitas vezes, de forma errônea, "superior", como o próprio nome diz "educação/ ensino superior". Alguns poucos sujeitos dessa parte da sociedade que pude conviver, as vezes com ou sem pós-doutorado, muitas vezes se autodenominam detentores do conhecimento, como deuses, super-homens e outras coisas não humanas, considerando outras opiniões sobre os conhecimentos que eles detêm e como primitivas, ignorantes, burras e até mesmo jocosas. De novo, de nada adianta saber o funcionamento do universo, e não saber dar um bom dia para o porteiro. Já outros sujeitos desse ensino superior, muitas vezes, nem desejam o título de superioridade intelectual, mas a sociedade o impõe, quando um indivíduo X inicia uma conversa banal sobre coisas do mundo com o indivíduo Y (pertencente ao ensino superior), X já se desculpa por sua ignorância sobre e com o tema.
O que tento defender aqui é que todo tipo de conhecimento é válido, não apenas o intelectual (atualmente o mais reconhecido pela sociedade civil), e todos esses conhecimentos deveriam, sim, ser acessíveis a todas as pessoas. Mas, esses conhecimentos, muitas vezes apenas voltados para a produção capitalista, não devem, de forma alguma, diferenciar as pessoas quanto suas capacidades, colocando algumas em destaque social e de grande influência e outras em posições marginalizadas. O conhecimento é uma faca de dois gumes, ele é sim, a nossa arma mais poderosa, mas também uma arma que possibilita a falsa crença de que alguns poucos são superiores e todos o resto, a grande "sociedade massificada", é inferior ou de menos valia.