A exemplo de muita gente, eu também tenho em minha residência alguns quadros com pinturas extremamente bonitas e coloridas. As minhas telas são classificadas como "natureza morta", porque focam apenas objetos inanimados, logicamente. Não têm movimento, não têm vida, são objetos estáticos. Natureza morta. E temos sido, cada dia mais, autores desse tipo de obra. São quadros tristes, com cenas deprimentes, também ficando sem vida.

Por mais que eu tente, não consigo entender o que passa na cabeça de muitos rio-pardenses, que continuam a poluir nossa cidade e nosso rio.

O sangue que corre em nossas veias talvez ainda dependa de mais algumas gerações para ser purificado. Tenho certeza que ele não é azul, mas também não de barata. E assim vamos levando, tirando da vida o que dela se pode levar, quase sempre sem nenhum problema de consciência.

Temos que ser mais exigentes. Estou cansado de ouvir pessoas falarem que disseram aquilo que não disseram, outras que gritam ter feito tudo o que podiam e nada mais adianta. E o pior, falam isso na beira do nosso rio Pardo.

Temos que pôr ordem na casa, porque ela não é apenas o espaço onde guardamos nossos bens materiais, mas inclui a calçada em frente, a rua em seguida, a cidade, o estado, o país e o mundo.

Apesar de, por várias edições, haver publicado nesta coluna fotos mostrando esgotos sem tratamento caindo no rio Pardo, dia e noite sem parar, lixo domiciliar sendo lançado nos logradouros públicos e sua maioria indo diretamente para o rio, ninguém faz absolutamente nada, a não ser culpar o Prefeito.

E assim seguimos, aos trancos e barrancos, sem parar para chorar por algum complexo de culpa. E a nossa inocente alegria de pescar um peixe limpo em águas limpas? E a culpa é exclusivamente nossa, por mais confortável que seja apontar outros.

Não sei dizer se essa sensação atinge só a mim, mas me preocupa o tempo que está se passando sem que se tomem atitudes concretas, permitindo que nossos descendentes não sofram gravíssima consequências de nossas irresponsabilidades.

Será que o diabo alterou a receita? O Grande Arquiteto do Universo criou os rios, os mares, os peixes, as aves, os animais, as flores, as estrelas, o Sol e os planetas. No que será que ele errou ao criar o ser humano?

Com tudo e sem ter muito a ver com o meu desabafo, eu digo: "Que eu não acredito em Deus! �? uma verdade. Eu não acredito em Deus, naquele que os homens fizeram. Mas eu acredito em Deus, Aquele que fez os homens".