Outro caso ver�dico relatado por Allan Kardec no livro O C�u e o Inferno.

Pergunta: ? Hoje s�o raros os exemplos de dedica��o. A dedica��o est� em extin��o?
Resposta: ? "Sim, acusai a fei��o ego�sta e orgulhosa de vosso s�culo, agravada pela incredulidade e pelas ideias materialistas. A cobi�a e a avidez do ganho antep�em-se em detrimento da abnega��o e da verdadeira f�. A sorte da Humanidade � que a Doutrina dos Esp�ritos Superiores a� est� para reviver virtudes esquecidas."

Essa resposta foi dada por um criado, um jovem que desencarnou cedo e foi evocado na Sociedade Esp�rita de Paris por Allan Kardec. Esse caso est� no livro O C�u e o Inferno, sob o t�tulo "A Hist�ria de Um Criado".

O criado era um jovem que servia a uma fam�lia de alta posi��o. Seus tra�os fision�micos e sua intelig�ncia surpreendiam pela distin��o. Ele era dedicado a servir seus patr�es com excel�ncia, mas sem ostentar servilismo. Sentiram muito sua falta quando, em uma viagem � sua terra natal, uma febre o fez falecer. Durante a evoca��o na Sociedade Parisiense, ele explicou, al�m da resposta acima:

? "Na pen�ltima encarna��o, nasci em boa fam�lia, mas nossos bens foram dizimados pelas prodigalidades de meus pais. Eles ficaram depressivos e desencarnaram em seguida, deixando-me �rf�o. Um grande amigo de meu pai adotou-me como filho e deu-me uma educa��o primorosa. Essa educa��o suscitou em mim uma leve vaidade, que levei comigo ao espa�o. Convidado a reencarnar, pedi para servir ao Sr. G., que havia sido meu protetor, para expiar meu orgulho sob a condi��o de criado. Assim, provaria minha dedica��o ao meu benfeitor. E por sorte consegui salvar sua vida sem que ele soubesse. Evitei que fosse esmagado por uma grande �rvore enquanto passeava a cavalo. Eu o seguia e percebi o perigo iminente; com um grito lancinante, fiz com que ele recuasse rapidamente antes que o tronco ca�sse."

P.: ? Por que desencarnaste t�o jovem?
R.: ? "Porque Deus julgou suficiente a prova."

P.: ? Como pudeste aproveitar essa prova��o sem ter no��o de sua causa anterior?
R.: ? "Pela intui��o e pela humildade de minha condi��o, que lutava contra a vaidade e o orgulho. Consegui domin�-los, tornando proveitosa a prova��o que teria de recome�ar."

Reflex�o:
Esse criado nos ensina que estaremos repetindo as li��es aqui na Terra at� que ven�amos os obst�culos e mazelas que trazemos em nosso esp�rito de vidas anteriores.

Ele ainda acrescentou:
? "Nos momentos de liberdade do meu esp�rito durante o sono, lembrava-me do que fui. Ao despertar, sentia um desejo intuitivo de resistir �s m�s inclina��es."

H� 160 anos, por meio de Kardec, o criado ensinou sobre a import�ncia do desprendimento espiritual durante o sono ? o desdobramento pelo qual os instrutores nos transmitem li��es preciosas para nosso dia a dia.

Ele continua:
? "Sem essa lembran�a, o orgulho n�o teria sido dissipado; ao contr�rio, teria se exaltado, perturbando-me. Desse modo, pude combater as influ�ncias nocivas de minha nova condi��o."

Essas palavras refor�am que a vida encarnada � uma verdadeira guerra contra nossos pr�prios defeitos, como orgulho, vaidade e personalismo, que obscurecem virtudes como caridade e humildade. Felizmente, durante o sono, a inspira��o dos amigos espirituais auxilia nossa intui��o ao despertar.

Pergunta: ? Uma vez que n�o � poss�vel lembrar os conhecimentos adquiridos, de que serviu a educa��o que recebeste?
Resposta: ? "Esses conhecimentos seriam sup�rfluos dada minha posterior condi��o. No entanto, ficaram em estado latente no meu inconsciente para que hoje os reencontrasse. Apesar disso, eles n�o foram in�teis, pois, ao desenvolverem minha intelig�ncia, incentivaram minha predile��o por coisas elevadas e minha repulsa a exemplos ign�beis."

P.: ? A abnega��o do criado para com os patr�es tem origem em rela��o anterior?
R.: ? "Sem d�vida! Esse � um caso comum. Muitas vezes, criados s�o membros da pr�pria fam�lia ou, como no meu caso, escravos da gratid�o, procurando saldar uma d�vida e progredir na dedica��o. N�o compreendeis os efeitos da simpatia gerada por rela��es anteriores? A morte n�o interrompe essas liga��es, que podem perpetuar-se por s�culos."

P.: ? Por que s�o raros, hoje em dia, esses exemplos de dedica��o?
R.: ? "O ego, o orgulho e a vaidade s�o os vil�es. A materialidade contribui para que o ser humano esque�a de Deus, de Jesus e do bem ao pr�ximo. Quando o Espiritismo reviver virtudes esquecidas, haver� uma grande mudan�a no seio da sociedade."

Fonte: ?O C�u e o Inferno?, Allan Kardec
Becer�bia, S�o Jos�, 16 de fevereiro de 2022